Após o gol do Gabiru, eu não tinha mais voz. Mal havia me recuperado do jogo contra o Al-Ahly, tanto que resolvemos comprar tambores para nos ajudar a empurrar o Colorado contra o Barça, e a voz havia ido embora novamente. Mas faltavam uns 10 minutos. 10 infinitos minutos. Eu tentava gritar. Olhava para trás e via Colorados chorando, se abraçando, rezando, olhando para cima, sentados extasiados…..e eu queria que todos ficassem de pé e continuassem a gritar. O inimigo era poderosíssimo. A qualquer momento poderíamos sofrer um gol. Portanto, deveríamos fazer a nossa parte. Mas nem eu conseguia gritar. O desespero tomava conta de mim. Um sonho tão distante estava tão perto. Não poderia fugir. E aquela falta, no grande círculo, o Ronaldinho se preparando…..meu Deus….NÃO.

E o jogo seguiu até que o juiz levantou os braços e apitou o fim da partida. Eu lembrei-me de levantar o rosto e gritar: OBRIGADO SENHOR!

E, ao baixar, encontrei-me com o Vlamir, onde nos abraçamos e ficamos cerca de 10 minutos chorando. Eram lágrimas de alegria pelo título, de agradecimento aos meus tios, que me fizeram ser Colorado e que já não estão mais conosco, de homenagem à minha mãe, Colorada, que sempre me apoiou. Eram lágrimas de desafogo pelos longos anos de sofrimento. Pelo peso que minhas filhas não mais teriam que carregar. 

Após procurei os grandes amigos Colorados que fiz no Japão: René, Nêgo Mário, Marcelão, Paulão, Giovanni, Rodrigão, os “irmãos metralha” (Wainberg), etc…Eram mais lágrimas e abraços.

Ao retornarmos para o hotel, todos tinham o mesmo desejo: queríamos nos teletransportar para o Brasil para poder festejar com toda a família colorada. Como isto ainda não é possível, nos contentamos em passar no McDonald’s e, no bar do hotel, comprar um monte de cervejas Saporo. Nos amontoamos num dos quartos e cantamos até a Gerência do hotel aparecer.

Daí fomos dormir…..com a alegria de sermos CAMPEÕES MUNDIAIS FIFA.

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By Débora Silveira

“Débora é Colorada desde criança, cresceu em uma família dividida entre azuis e vermelhos, mas escolheu o lado que lembrava a paixão, o sangue fervente e emoção pura. Sócia do Inter desde pequena, começou a frequentar o Beira-Rio em todos os jogos somente em 2004, quando sabia que a hora da virada Alvirrubra estava por chegar. Idealizadora do Arquibancada Colorada, mora em Porto Alegre e não perde um jogo no Gigante da Beira Rio. Consulesa do Sport Club Internacional do bairro Cavalhada, zona sul da Capital”.

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