No futebol a disputa por pênaltisgrandes penalidades constitui um método contemplado na seção denominada “Procedimentos para desempatar uma partida ou eliminatória” nas regras estabelecidas pela FIFA com o objetivo de definir a classificação de uma equipe para a próxima fase de um torneio ou qualquer outra instância eliminatória quando é necessário um desempate, tal como também o campeão de uma competição.

Hoje vou fazer do escrete colorado o meu maior personagem. O torcedor colorado vacila entre o pessimismo mais obtuso e a esperança mais frenética. Nas esquinas, nos botecos, nas casas e por toda parte, há quem esbraveje: — “O Inter não ganha de mais ninguém, não vai nem se classificar!”. E, aqui, eu pergunto: — não será esta atitude negativa o disfarce de um otimismo inconfesso e envergonhado? E vamos combinar que quase ninguém esperava êxito na noite de ontem.
 Um amigo meu que foi morar no Canadá  informa que, lá, todo mundo tem o seu próprio psicanalista. O psicanalista tornou-se tão necessário e tão cotidiano como uma esposa. E o sujeito que, por qualquer razão eventual, deixa de vê-lo, de ouvi-lo, fica incapacitado para os amores, os negócios e as bandalheiras. Em suma: — antes de um desses atos gravíssimos, como seja o adultério, o desfalque, o homicídio ou o simples e cordial conto do vigário, a mulher e o homem praticam a sua psicanálise.
  A pura, a santa verdade é a seguinte: Qualquer jogador, quando se desamarra de suas inibições e se põe em estado de graça, é algo de único em matéria de fantasia, de improvisação, de invenção. Em suma: temos dons em excesso. Olha o caso de Galhardo é o artilheiro da equipe mas não consegue colocar a bola na rede há mais de um mês. E só uma coisa nos atrapalha e, por vezes, invalida as nossas qualidades. Quero aludir ao que eu poderia chamar de “complexo de vira-latas”.
Estou a imaginar o espanto  de quem está a ler este texto por agora: “O que vem a ser isso?”. E explico. Por “complexo de vira-latas” entendo a inferioridade em que se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo. Isto em todos os setores e, sobretudo, no futebol. Dizer que nós nos julgamos “os maiores” é uma cínica inverdade. Jamais foi tão evidente e, eu diria mesmo, espetacular o nosso vira-latismo. querem ver uma situação?
Após a primeira partida contra os argentinos no Beira Rio, todos afirmavam que era impossível a reversão do placar, no entanto o que se viu na La Bombonera foi o contrário. Foi a melhor atuação do escrete com o novo comando. É claro que diante duas desclassificações (Copa do Brasil e Libertadores) nos pênaltis uma nova carga emocional pode trazer mais dificuldades. Porém se analisarmos friamente os últimos resultados veremos que existe uma certa evolução no futebol colorado. Haja vista que muitas vezes é possível que surja uma regressão, e isto ficou evidenciado com a saída do Coudet.
E vos digo: que o problema do escrete não é mais de futebol, nem de técnica, nem de tática. Absolutamente. É um problema de fé em si mesmo. O Colorado precisa se convencer de que não é um vira-latas e que tem futebol e que a mescla da juventude com os mais velhos (entenda se experientes) pode ser uma das soluções, lá na Argentina isso ficou bem claro. Mesmo que um menino de 18 anos tenha errado o pênalti do ano colorado.  Uma vez que ele se convença disso, ponham-no para correr em campo e ele precisará de dez para segurar. Insisto: para o escrete, ser ou não ser vira-latas, eis a questão.
Saudações Adriano Garcia
3 thoughts on “O COMPLEXO DOS PÊNALTIS ”
  1. Salve, Adriano. Não assisti. O fato é que não colocamos a bola nas redes adversárias, nem aqui e muito menos lá no Bombonera. E esta situação vem se arrastando. Espero que no próximo confronto, a paz volte a reinar no Colosso da Beira Rio. Abraço!

  2. Olá Adriano, tens razão o psicológicos pesa muito numa partida de futebol profissional, mas uma derrota ou Vitória vem pelo somatório de decisões que uma Clube toma, até acabar com pênalti não convertido por um promissor jogador de 18 anos. Errar acho que não existe um craque que não tenha errado em uma determinada partida. Não estou devidamente informado, mas fico intrigado, porque R Dourado entrou tão tarde? Porque D’Alessandro não entrou nos últimos minutos para ao menos cobrar a penalidade? Porque usamos reserva e abdicando da primeira colocação do nosso grupo? Não entenderam ainda que Lindoso não tem vigor físico para primeira função do meio campo? É claro que o psicológico pesa muito mas o baixo nível técnico de alguns atletas é o mais preocupante? Abraço.

  3. Alô você Adriano!
    Perfeito. Acho que o Inter com exatamente os mesmos jogadores que iniciaram o jogo ontem, já teve produções muito satisfatórias que o levaram inclusive a liderar o campeonato por bom tempo. Reajustou, voltou, o desempenho hoje satisfaz, faltam os resultados. Errar pênalti em momento decisivo está na biografia de grandes atletas Roberto Bágio, Zico, Sócrates estão entre eles.
    Coloradamente,
    Melo

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