Me lembro completamente bem. Estava aqui em S. José, na Grande Floripa, com meu filho e um amigo dele no Bar dos Cornos, o Cristóvão, famoso bar daqui, na Avenida Central do Kobrasol. Era cedo da manhã e eu fui prá lá com os dois piás ver o jogo. Cheguei e o Paulinho já estava e me confessou: não conseguiu dormir. Em determinada hora, começou a tomar cerveja e já estava bem passado. Eu pedi um café e os guris não quiseram nada. Começou o jogo e o bar estava cheio de Colorados nervosos. Contra o Barça, o todo-poderoso Barça e o Inter foi que foi. E resistiu. E assim foi o jogo inteiro. Chegou num ponto que o Fernandão caiu, vencido pelas cãibras . E entrou o Gabirú. E eu comecei a torcer pelos pênaltis, pois o empate estava de bom tamanho. Até o Índio tocou a bola pra frente e não sei quem, acho que o Adriano tocou pro Iarley, o cometa Iarley! E ele desconcertou o zagueiro e viu o Adriano correndo por um lado e o Gabiru pelo outro. O Iarley tocou para o Gabirú e ele tocou direto para o gol. O goleiro ainda tocou na bola sem chance. E foi o gol! E eu pulava e agradecia ao destino por poder me orgulhar de ter visto o Inter campeão do mundo! Eu e o meu filho. O celular tocou e era a minha filha na Goethe vendo o jogo com a mãe dela. E pensei no meu pai, que estaria em casa vendo o jogo, já com mais de 80 anos, mas vendo o Inter ser campeão do mundo. Ele, que me levava pela mão para ver o Inter jogar o campeonato gaúcho nos Eucalíptos. Aí pensei no meu avô e no meu tio-avô que iam junto conosco nos Eucalíptos. Eles que nunca viram o Inter jogar no Beira Rio, pois partiram antes, mas que viram nós sermos campeões do mundo pelos meus olhos, pelos olhos do meu pai, pelos ollhos dos meus filhos e dos meus sobrinhos, a quarta geração de colorados da minha família. E eu chorei e eu ri, eu gritei até não poder mais. 

 Depois fui pra casa. Todo mundo tomar banho e ir pra Beira Mar comemorar com os demais colorados de Floripa. E eu precisava de algo mais forte que café ou cerveja. Me lembrei do absinto. De uma garrafa de absinto de trouxe da Espanha e guardei só um pouquinho da bebida para alguma ocasião especial. O absinto que não apenas veio da Espanha, como de Barcelona. E aquela rebinha encheu um martelinho que tomei com um prazer infinito! O prazer de um campeão do mundo. O prazer de quatro gerações de campeões do mundo!

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By Débora Silveira

“Débora é Colorada desde criança, cresceu em uma família dividida entre azuis e vermelhos, mas escolheu o lado que lembrava a paixão, o sangue fervente e emoção pura. Sócia do Inter desde pequena, começou a frequentar o Beira-Rio em todos os jogos somente em 2004, quando sabia que a hora da virada Alvirrubra estava por chegar. Idealizadora do Arquibancada Colorada, mora em Porto Alegre e não perde um jogo no Gigante da Beira Rio. Consulesa do Sport Club Internacional do bairro Cavalhada, zona sul da Capital”.

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